Ennio Candotti, físico e fundador do Musa (Museu da Amazônia), morreu nesta quarta-feira (6), aos 81 anos. O físico ítalo-brasileiro, veio para o Brasil ainda criança com a família. Sagrou-se um dos maiores nomes da luta pela ciência brasileira, além de ter encabeçado outras tantas lutas, como contra a ditadura militar, pelo impeachment de Collor, pela difusão da ciência pelo Brasil e por maior reconhecimento da ciência amazônica.
Graduado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Università degli studi di Napoli, Candotti passou dez anos na Europa pesquisando, em especial, geografia, história, ciências sociais e antropologia. De volta ao Brasil em 1974, colaborou na organização do Instituto de Física do Rio de Janeiro, seu primeiro grande passo no mundo científico nacional. Em 1998, recebeu o Prêmio Kalinga, da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), destinado a pessoas ou entidades que contribuem para a popularização científica. Em 2002, fundou a International Union of Scientific Communicators, associação de comunicação científica com sede em Mumbai, na Índia, ao lado de cientistas locais e de outros países. Era presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e presidiu, de fato, a entidade por quatro períodos. Dedicou seus últimos 15 anos às questões amazônicas e à cultura dos povos tradicionais, como “um defensor apaixonado pelo estudo e preservação da biodiversidade da região”, segundo nota do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Tivemos a honra e a sorte de compartilharmos de sua presença e ouvirmos suas falas na 75ª Reunião Anual da SBPC, que ocorreu em julho na UFPR. Ennio Candotti apresentou a conferência “Riscos e incertezas dos modelos climáticos” acompanhado de Gilberto Câmara (INPE) e coordenou a mesa-redonda “Mapa das 32 IES e Institutos com seus 300 campi na Amazônia”, ao lado dos palestrantes Marilene Corrêa da Silva Freitas (UFAM), Tatiana Deane de Abreu Sá (EMBRAPA) e Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEA).
Ennio Candotti no Anfiteatro 10 do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, em mesa-redonda da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso (SBPC).