A International Genetically Engineered Machine Foundation (iGEM) é uma competição criada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). O objetivo é promover o encontro de equipes de universidades de todo o mundo, para apresentar projetos com o uso da biologia sintética.
Até o momento, já participaram da iGEM 35 equipes brasileiras, todas de universidades públicas. Entre elas está a da Universidade Federal do Paraná (UFPR), composta por 30 alunos de graduação e pós graduação de diversos cursos, orientados pelo professor Marcelo Muller dos Santos, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular.
Atualmente, o grupo se prepara para participar da edição de 2023 do evento. A equipe analisa quatro projetos e, até o final do ano, escolherá um para desenvolver e apresentar no iGEM. As propostas envolvem a produção de energia elétrica por microalgas de rios e lagos; a degradação de hormônios presentes na água; a aplicação de uma molécula para substituir microplásticos em produtos de higiene e o desenvolvimento um teste rápido para doenças de interesse local.
Os estudantes explicam que a biologia sintética é um campo relativamente recente de estudo, que permite desenvolver novas habilidades no material genético dos organismos. Assim, busca-se outras possibilidades de aplicação que vão além das já conhecidas. Para isso, são utilizados conhecimentos das áreas de engenharia genética, biologia molecular e computação.
“Com a biologia sintética, desenvolvemos microrganismos que não seriam possíveis de existirem naturalmente. Seria ‘engenheirar’ sistemas vivos, como se fossem pequenas máquinas”, explica o estudante de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia Thiago Chella Bahia. Na página da equipe no Instagram (@igemufpr) estão algumas aplicações da biologia sintética, como a produção de vacinas, fertilizantes, testes diagnósticos, medicamentos, entre outras.
São alguns exemplos da aplicação da biologia sintética: o tratamento de água, na testagem de medicamentos e no desenvolvimento de diagnósticos. Fotos: Jonathan Borba, Jeremy Bishop e Drew Hays, Unsplash
A mestranda em Ciências-Bioquímica Isabella Blagiem de Campos explica que a competição tem caráter colaborativo. Por isso, eles buscam em outras equipes os conteúdos necessários para dar andamento ao projeto. “Não é somente desenvolver algo novo, mas continuar o projeto de alguém. Focamos muito na interação de equipe, por isso é importante buscar e conversar para prosseguir os estudos. É a ciência aberta, compartilhada por todos”, ressalta.
Outra característica das equipes do iGEM é a interdisciplinaridade. Além da equipe científica, que faz a análise dos projetos, o grupo conta com participantes com conhecimento em marketing, comunicação e administração. Conforme Thiago, participar da competição também propicia a internacionalização da UFPR, com a representação da instituição de maneira contínua na comunidade iGEM, formalizando uma base para futuras gestões da equipe. “Nós queremos participar da comunidade científica, cooperar com o que já existe e apresentar novos dados”.
Para o ano que vem, além do projeto definido, a equipe pretende buscar recursos financeiros, submetendo o projeto escolhido em editais de pesquisa. Estudantes interessados em participar da equipe podem entrar em contato pelo Instagram @igemufpr ou pelo formulário disponível aqui.
Por João Cubas (Aspec/SCB/UFPR)