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Estudo publicado na Science indica que predação em ambiente marinho é maior em temperaturas mais altas

Duas pesquisadoras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) participaram de um estudo que apresenta um amplo panorama quanto à influência da temperatura das águas na cadeia alimentar. Os resultados foram publicados em junho na revista Science.

Cerca de 60 cientistas de diversos países e instituições participaram do trabalho. Entre eles, as professoras Rosana Moreira da Rocha e Maria Angélica Haddad, do Departamento de Zoologia. As coletas foram feitas durante o verão de 2019, em 36 pontos das costas Atlântica e Pacífica das Américas, desde o polo Ártico até o Antártico, passando pelas zonas tropicais. Um desses pontos foi o Iate Clube de Caiobá, local com condições para o desenvolvimento dos experimentos – fixação de placas, gaiolas e demais equipamentos.

Registro do experimento em Caiobá, balneário do município de Matinhos. Fotos: Rosana Moreira da Rocha

A pesquisa durou 12 semanas e foi dividida em três etapas. Na primeira, discos de lula seca foram colocados na água por uma hora, para verificar quantos deles foram capturados. No segundo experimento, a equipe colocou placas de PVC na água para a fixação de organismos marinhos, formando mini comunidades. Parte das placas eram protegidas por gaiolas, e outras não. Foi possível comparar, a cada duas semanas, o desenvolvimento dos animais na ausência ou presença dos predadores.

Placa protegida da predação

Por fim, as proteções foram retiradas na décima semana, com as presas expostas, para avaliar a redução – ou não – dessas populações. Os três experimentos apontaram para a mesma direção: nas águas quentes, a predação ocorreu de forma acelerada, resultado diferente do encontrado em áreas mais frias, abaixo dos 20 graus. Essa dinâmica gera impacto na organização e na estruturação das comunidades marinhas. Com a previsão de aumento da temperatura dos oceanos, a atenção ao tema torna-se ainda mais relevante e gera potencial para estudos futuros.

Placa exposta à predação

Como a catalogação das espécies ocorreu apenas em grandes grupos taxonômicos, Rosana indica que outro foco pode ser a identificação da diversidade local e do entendimento das relações entre as espécies, da nossa região e dos outros locais coletados. “Há uma variação enorme e fica difícil comparar lugares como a Patagônia, o Ceará e a Flórida. Os grupos são os mesmos, mas as espécies, diferentes”.

Gaiolas de proteção das placas, ao final do processo

A docente também enfatiza a importância da integração entre os cientistas, pois boa parte dos resultados do Atlântico só foi obtida pela participação de cientistas brasileiros. “Os resultados podem estimular outros pesquisadores da área a participar em novos projetos. Estamos muitos mais propensos para trabalhar em rede e, de modo geral, isso tem sido estimulado”, relata Rosana. As pesquisadoras foram convidadas a participar do estudo em um congresso científico presencial realizado em 2018, quando o projeto foi apresentado pelos coordenadores, a partir de um estudo realizado em águas norte-americanas.

Além da UFPR, entre as instituições do Brasil, participaram as universidades federais do ABC, do Ceará (UFC) e do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (Ieapm-RJ).

Texto por Aspec/SCB/UFPR,  com informações da UFRN

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