Uma exposição itinerante com material interativo sobre o mosquito Aedes aegypti e as doenças por ele transmitidas é o princípio do ZikaBus. O ônibus faz parte do programa de extensão Laboratório Móvel de Educação Científica (LabMóvel) da UFPR, que atua na divulgação e popularização da ciência desde 2008.
No último dia 18 de maio, o veículo esteve no Setor de Ciências Biológicas para uma aula do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e em Matemática (PPGECM). Na ocasião, o coordenador do programa, professor Rodrigo Reis, compartilhou as ações previstas para 2022, que seguem os princípios da ciência cidadã, que estimula a participação de pais, estudantes e da comunidade em geral nos experimentos científicos.
Os pós-graduandos conversaram também com a professora Russane Low, do Institute for Global Environmental Strategies (IGES) e do programa GLOBE, desenvolvido pela Agência Espacial Americana (NASA), que incentiva a sociedade a contribuir com a ciência, através de dados ambientais e estudos científicos.
Low permanecerá durante dois meses na UFPR, período no qual aprimorará protocolos da ciência cidadã e do Aplicativo GLOBE Observer. Pela ferramenta, a comunidade pode realizar observações ambientais que complementam as observações dos satélites da NASA e ajudar os cientistas a estudar a Terra e o meio ambiente.
O GLOBE, a Agência Espacial Brasileira, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) são parceiros do LabMóvel.
Interação com a comunidade
O ZikaBus serve de apoio às ações do LabMóvel desde 2017. Após dois anos parado, por causa da pandemia, o veículo voltará a circular a partir de 10 de junho, em uma visita ao Colégio Bento Munhoz da Rocha de Paranaguá. Em 2018, a instituição foi premiada pelo trabalho desenvolvido pela professora Michele Mendes, hoje doutoranda do PPGECM, em associação com a equipe do LabMóvel e do GLOBE.
Na época, a região sofria um surto de Dengue e a hipótese era de que os restos de soja depositados nas ruas próximas ao porto e os fertilizantes das indústrias vizinhas poderiam acelerar o desenvolvimento da larva do Aedes aegypti.
Com o apoio das equipes, os alunos do oitavo ano e seus familiares montaram armadilhas para captura dos mosquitos, mapearam os locais de incidência pelo aplicativo e estudaram a proliferação das larvas em quatro ambientes: em água; em água com fertilizante; em água e soja e o último com as três substâncias juntas.
As larvas da solução com soja, água e fertilizante apresentaram desenvolvimento em cinco dias, quase a metade do tempo do que em condições neutras, comprovando a influência daquele ambiente no desenvolvimento do inseto. Em 2022, o grupo proporá o projeto com os atuais alunos, com novos experimentos que serão definidos nos próximos dias.
Além da participação em eventos e do estímulo aos experimentos, o LabMóvel também propõe a confecção de materiais didáticos. A mestranda Daniela Hostin está desenvolvendo um jogo de RPG, no qual os participantes serão estimulados a ocupar lugares decisórios em situações emergenciais, como um surto de Dengue ou Zika. Os jogadores poderão atuar líderes comunitários, profissionais da mídia ou governantes. “Nas problemáticas socioambientais, o coletivo tem o poder de realizar mudanças. É nesse sentido que a minha pesquisa pode colaborar”, ressalta Daniela.
Para mais informações sobre o LabMóvel, acesse http://www.labmovel.ufpr.br/
Texto: João Cubas
Fotos: Juliana Barbosa (Aspec/SCB/UFPR)