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Pesquisadores da UFPR indicam ameaça de extinção para ouriço pouco conhecido dos Andes

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Ele pesa menos de um quilo e é conhecido por seu pelo espinhoso de cor marrom. Vivendo na região dos Andes, na Colômbia, tem as florestas como habitat natural e usa a cauda para se locomover entre um galho e outro. Pouco se sabe sobre o Coendou vestitus (ou ouriço marrom anão), um tipo de ouriço que, a partir de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), agora tem sua classificação indicada para “em perigo de extinção”, já que, além da baixa ocorrência, está em uma área de desmatamento.

O estudo foi conduzido pela doutoranda Maria Martha Torres Martinez, do programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, com o orientador, o professor Fernando Passos. O artigo, que também é assinado pelos cientistas Héctor Ramírez-Chaves e Elkin Noguera-Urbano, foi publicado na Oryx —The International Journal of Conservation, uma das mais prestigiadas revistas na área de conservação. O assunto também foi tema do blog da publicação.

Os pesquisadores identificaram uma contradição na forma como a espécie era avaliada e classificada na Colômbia: ora como com deficiência de dados, ora como vulnerável. Este impasse, conforme apontam, acabava limitando a implementação de programas de conservação, o que impulsionou a busca de informações.

A pesquisa de doutorado de Maria busca entender as implicações ecológicas na distribuição e conservação dos ouriços, mamíferos neotropicais que se caracterizam por terem os pelos modificados como espinhos. Segundo ela, há poucos dados sobre esses animais, que estão entre os menos conhecidos e estudados. “Há um vazio de informações e este gênero tem apenas 15 espécies identificadas”, pontua.

As informações consolidadas até então eram bastante antigas, com registros de mamíferos identificados por naturalistas. O estudo realizado na UFPR consistiu em tentar identificar, por modelagem, onde o Coendou vestitus estava distribuído. De acordo com a pesquisadora, esta espécie é a que possuía o menor volume de informações entre aquelas que ela investiga. O estudo indicou apenas seis pontos de ocorrência, na Cordilheira Oriental dos Andes da Colômbia.

Foi a primeira vez que o professor Fernando Passos, mastozoológo, trabalhou com ouriços, atendo-se ao foco da ecologia de espécies ameaçadas de extinção. O objetivo do trabalho é, de acordo com ele, justamente ampliar o conhecimento relacionado à ocorrência do ouriço. “Conforme aumentam as informações, é possível analisar a conservação de uma maneira mais embasada e significativa”, resume, destacando o aspecto do volume restrito de conhecimento que se tinha até então.

Segundo Maria, há registros de apenas 15 indivíduos dessa espécie na sua região de ocorrência. Ela os identificou a partir de coleções depositadas em museus, em bases de dados e em sites e checou, em fotos e vídeos, se eram mesmo os animais que procurava. Trabalhos de campo, segundo ela, não costumam ser frutíferos para este animal, já que eles são noturnos, solitários e se movimentam nas partes mais altas das árvores.

O trabalho consistiu em se traçar um polígono a partir dos pontos onde a espécie foi registrada. Foram calculadas as medidas da extensão do território delimitado e, com base na baixa densidade populacional e no lapso de 80 anos entre um registro e outro, somado à degradação do ambiente, foi possível atualizar o estado de conservação a partir da sua distribuição territorial. “O perigo é crítico e a espécie está ameaçada porque quando sobrepomos as camadas de diferentes mapas, percebe-se que elas coincidem com áreas com altas taxas de desmatamento, o que indica perda de habitat, uma ameaça direta”, explica.

Passos explica que as informações coletadas na pesquisa permitiram que o baixo volume de dados que se tinha até então fosse substituído por evidências mais substanciais acerca da área de ocorrência e de sua ameaça de extinção. A pesquisadora seguirá estudando outras espécies de ouriço, mas seus primeiros indicadores já indicam uma contribuição relevante para a conservação. ” As informações fornecidas mostram a importância do ecossistema dos Andes e podem ser usadas para o estabelecimento de estratégias e avaliações futuras de seu status de distribuição e conservação”, indicam os cientistas no texto. A realização dessa pesquisa, segundo o professor, tornou possível uma importante cooperação internacional entre pesquisadores e instituições do Brasil e da Colômbia, que está rendendo resultados importantes na área ambiental.

Por Amanda Miranda, da Sucom/UFPR

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