Na última quarta (8), foram suspensas 127 bolsas de estudo ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a estudantes de pós-graduação da UFPR. Estas bolsas estavam em processo de atribuição, ou seja, seriam concedidas a novos estudantes recém-ingressos ou que não tinham bolsa. Soma-se a esta medida, o corte já anunciado de 30% do orçamento de custeio da Universidade.
Em resposta às medidas, vários veículos de comunicação têm destacado o trabalho de pesquisadores de nosso Setor, que saem dos laboratórios da universidade com o objetivo de ajudar a sociedade.
No Departamento de Genética, pesquisadores desenvolvem um projeto que busca esclarecer crimes sexuais quando o corpo da vítima já está em decomposição. A professora Daniele Ferreira, que atua na pesquisa, ressalta que “a vantagem é que ele adiciona um procedimento a mais que não está implantado na rotina pericial, para identificação de agressores em casos de crimes sexuais”.
No mesmo Departamento, um valioso trabalho traz esperança de vida para quem espera por um transplante de medula óssea. O Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade (LIGH) realiza exames para o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – Redome. “Nosso laboratório, efetivamente, faz ensino, pesquisa e extensão e gera recurso investido na própria universidade, para expansão em mais pesquisa. É inegável o retorno que damos para a comunidade do tipo de trabalho que fazemos aqui”, destaca a professora Maria da Graça Bicalho, coordenadora do LIGH.
No Departamento de Bioquímica, pesquisadores estudam bactérias fixadoras de nitrogênio. A aplicação destas bactérias evita o uso de fertilizantes e gera uma economia de R$ 600 milhões ao ano aos agricultores que fazem esta opção, que polui menos o meio ambiente, os rios e a atmosfera. O coordenador do projeto, professor Fabio Pedrosa, destaca a importância das bolsas neste processo. “A bolsa é fundamental para o desenvolvimento do país. Se você não tem bolsa, não tem educação, não tem ciência, não tem tecnologia. Nós vamos continuar sendo países apenas fornecedores de matéria prima para os países de primeiro mundo”.
Os pesquisadores destacam que a universidade gera o conhecimento básico que chega à sociedade em forma de remédios, de vacinas. “Trabalhamos muito mais do que oito horas diárias, precisa vir final de semana, feriado para gerar um produto que vai impactar a sociedade”, explica a doutoranda em Genética Caroline Oliveira.
Na semana passada, Juliano Morimoto, doutor em Zoologia pela University of Oxford e egresso da UFPR, visitou a instituição e mostrou sua preocupação com o atual cenário. “O Brasil é reconhecido pela qualidade das pesquisas que a gente faz. Um nicho único, em termos de ciência. Esse corte vai afetar negativamente a ciência, a tecnologia e a sociedade em geral. Não é só o corte da verba, mas também de oportunidades”, sentencia.
Com informações da SUCOM, UFPRTV, G1 e RPC.