Nos últimos anos, houve aumento do número de corredores de rua em Curitiba. De acordo com a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude da capital, 48 mil atletas participaram dos circuitos de corridas da Prefeitura em 2018. Para medir o desempenho desse público e solucionar algumas lacunas existentes no meio competitivo, os pesquisadores Danilo Leonel Alves e Crystina Linhares Batista Pinheiro Bara, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPR, estudam o efeito de diferentes tipos de treinamento em corredores de provas de 10km.
Danilo e Crystina selecionaram 28 atletas, que se submeteram a várias avaliações. Na primeira fase, houve medições do consumo de oxigênio; frequência cardíaca; análise sanguínea; composição corporal; potência muscular e a percepção de esforço em provas de 10 km.
Em seguida, os atletas foram divididos em dois grupos de 14 pessoas e participaram de oito semanas de treinos. O primeiro realizou 90 minutos de treinamento de corrida, enquanto o segundo fez 60 minutos de treinamento de corrida e mais 30 minutos de treinamento neuromuscular.
Os treinamentos ocorreram cinco vezes por semana, sendo no mínimo três, na pista de atletismo da UFPR. Após o término dessa fase, os atletas foram reavaliados utilizando os mesmos testes do momento inicial.
Segundo Danilo, um dos desafios da pesquisa foi manter os participantes durante todo o período avaliativo. “Os atletas dividiam as suas rotinas diárias (trabalho, família, lazer) com os treinamentos prescritos. Assim, tivemos que abrir três horários de treinamentos para aumentar a aderência dos atletas”.
Outra limitação estava nos instrumentos utilizados no estudo. Para isso, os pesquisadores tiveram a colaboração de outras unidades da universidade, como o Departamento de Farmacologia e a Associação dos Servidores da UFPR (Asufepar), além de outras instituições de ensino.
Os resultados encontrados demonstram que o treinamento neuromuscular combinado ao treino de corrida proporcionou melhora semelhante, quando comparado ao treinamento isolado de corrida. Danilo explica que, de acordo com os resultados, os corredores podem substituir parte do treinamento de corrida pelo exercício neuromuscular. “Não foram encontrados prejuízos no desempenho em provas de 10km. Esse achado é relevante, visto que uma menor quilometragem semanal de corrida pode reduzir a carga estressora nos ligamentos e articulações”, afirma. O pesquisador aponta que o estudo oferece ferramentas alternativas válidas para serem incorporadas ao treinamento diário de corredores.
Danilo defende sua tese de doutorado no dia 11 de fevereiro, no Departamento de Educação Física da UFPR. Já Crystina está com o mestrado em andamento, em que analisará os dados gerados pelas amostras sanguíneas dos atletas. Esses dados permitirão identificar as alterações bioquímicas ocasionadas pelos dois tipos de treinamento realizado.
Cepefis
Os pesquisadores são membros do grupo de pesquisa do Centro de Estudos da Performance Física da UFPR (Cepefis), coordenado pelo professor Raul Osiecki.
O Cepefis tem como objetivos promover estudos, visando o aprimoramento da performance física em atletas, além de determinar as influências das intensidades dos exercícios físicos nas situações de saúde.
Texto: João Cubas/Aspec