Devido à grande similaridade morfológica detectada em inúmeras espécies de anfíbios, dúvidas taxonômicas são frequentemente relatada por pesquisadores, principalmente quando comparam pares de espécies baseados apenas em observações de morfologia externa. Para resolver esses tipos de questionamento, pesquisadores têm recorrido a análises integrativas, combinando dados fenotípicos (como morfologia interna e externa de adultos e de girinos, parâmetros bioacústicos, por exemplo) com dados genotípicos (genéticos e citogenéticos). Entre os dados genotípicos, estudos incluindo o uso de sequências de DNA (mitocondrial e/ou nuclear) buscam inferir o relacionamento filogenético entre as espécies comparadas. Análises citogenéticas, comparam a distribuição de marcadores cromossômicos nos cariótipos das espécies e também tem sido incluída como ferramenta adicional nestes estudos taxonômicos. Para tentar resolver o dilema sobre a taxonomia de duas espécies, Crossodactylus gaudichaudii and C. aeneus, o pós-doutorando Stenio Eder Vittorazzi analisou fragmentos de genes do DNA mitocondrial (rDNA 12S, 16S e tRNAVal), utilizou metodologias de citogenética clássica e molecular e analisou seus resultados comparativamente com dados fenotípicos já depositados na literatura.
O trabalho intitulado “Cytogenetic and genetic data support Crossodactylus aeneus Müller, 1924 as a new junior synonym of C. gaudichaudii Duméril and Bibron, 1841 (Amphibia, Anura)”, foi recentemente publicado no periódico Genetics and Molecular Biology e apresenta argumentos para a sinonimização das duas espécies, uma vez que são geneticamente indistinguíveis. Crossodactylus gaudichaudii and C. aeneus foram indistinguíveis em análises de morfologia externa e interna de adultos, na comparação da morfologia de girinos, em parâmetros bioacústicos, além de apresentarem uma sobreposição geográfica em sua distribuição na região de Mata Atlântica no sudeste do Brasil. Faltava a cartada final, agora com dados genéticos. Foram empregados testes de delimitação de espécies, onde as duas espécies nominais foram recuperadas como uma mesma linhagem evolutiva. Além disso, o número, morfologia dos cromossomos, posição das regiões organizadoras de nucléolos (NOR) foram idênticas em ambos cariótipos. Vittorazzi também mapeou cromossomicamente o DNA satélite PcP190 (satDNA) e outras duas repetições de microssatélite ([GA]15 e [CA]15). Assim, por todos estes dados apresentados, as duas espécies não podem ser diferenciadas, o que suporta a hipótese de que correspondem a uma mesma e única unidade taxonômica, sendo portanto C. aeneus um sinônimo-júnior de C. gaudichaudii.
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