Pipa carvalhoi é um anfíbio que habita regiões de Mata Atlântica e áreas sob influência da Caatinga no Nordeste do Brasil. Já Xenopus tropicalis ocupa principalmente a região da África subsariana. Em comum, as duas espécies pertencem a família Pipidae, que reúne espécies de anfíbios que são essencialmente aquáticos. Estima-se que esses gêneros tenham partilhado de um último ancestral comum a pelo menos 136 milhões de anos, sendo a separação do antigo continente Godwanna a principal hipótese para essa diversificação. Em nosso Lab, temos buscado investigar marcas deixadas no genoma dessas espécies que possam nos ajudar a recontar sua história de diversificação. Essas duas espécies apresentam mesmo número diploide de cromossomos (2n=20) e compartilham de semelhanças na morfologia de muitos pares de seus cariótipos, quando apenas estudados por técnicas de citogenética clássica.
O artigo “Evolutionary dynamics of the repetitive DNA in the karyotypes of Pipa carvalhoi and Xenopus tropicalis (Anura, Pipidae)”, recentemente publicado na revista Frontiers in Genetics analisa a história evolutiva das duas espécies através de seus cariótipos. Mais especificamente, sequências de DNA repetitivas (motivos microssatélites) foram mapeadas nos cariótipos das duas espécies e revelaram padrões de distribuição dessas sequencias bastante discrepante entre os cromossomos. Mais que isso, os resultados obtidos permitiram a identificação de rearranjos cromossômicos ocorridos ao longo da evolução dessas duas espécies. O trabalho foi originado da dissertação de mestrado de Michelle Louise Zattera, do programa de Pós Graduação em Genética da UFPR (PPG-GEN). Esses novos dados contribuem para uma melhor compreensão da evolução cromossômica em Pipidae e reforçam o papel dos DNAs repetitivos na remodelação dos cariótipos ao longo da evolução e de sua importância para a estrutura e funcionamento dos genomas. Ficou interessado? Visite em nossa página Publicações e fique por dentro desse artigo!