Hoje, dia 03 de abril, o Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFPR (PPG-FARM) completa 20 anos de sua aula inaugural. Desde então, 285 pesquisadores já defenderam 213 dissertações de mestrado e 72 teses de doutorado.
A história do PPG-FARM remete à criação do curso lato sensu de Especialização em Farmacologia em 1995, e do stricto sensu em 2000, com o mestrado em Farmacologia. Em 2005, teve início o curso de doutorado.
Abertura do PPG-FARM, com Professores Marcelo Iacomini, Helena da Silva de Assis, Miriam Angelucci, Oldemir Mangili e Maria Consuelo Marques, em 2000. Acervo UFPR
Formação de recursos humanos
A professora Alexandra Acco, atual vice coordenadora do programa, conta que alguns professores foram protagonistas na criação do curso: Maria Consuelo de Andrade Marques (primeira coordenadora), Berenice Borges Lorenzetti, Ana Maria de Arruda e Roseli Boerngen de Lacerda. Há ainda professores que ajudaram a estabelecer o programa e que ainda hoje orientam alunos: Helena da Silva de Assis, Roberto Andreatini, Maria Barbato Vital, Claudio da Cunha, Aleksander Roberto Zampronio e Paulo Roberto Dalsenter.
Hoje, 18 docentes conduzem pesquisas nas linhas de Inflamação, Dor e Febre; Neurociências; Toxicologia; e Produtos Naturais. Alguns deles são egressos do programa, como a atual coordenadora do PPG-FARM, Maria Fernanda Werner e Juliana Geremias Chichorro. “Eu mesma fui da primeira turma da Especialização em Farmacologia, para ver como sou ‘antiga’ na casa”, revela a vice-coordenadora.
O PPG-FARM é avaliado com nota 5 na Capes e é o único programa de formação de Farmacologistas em nível stricto sensu no Paraná. Egressos do programa atuam em vários departamentos da UFPR, em outras instituições públicas e em laboratórios no Brasil e no exterior. “Ou seja, estamos formando recursos humanos com qualidade científica e acadêmica”, sintetiza Acco.
Comemoração de 10 anos do Mestrado e Doutorado em Farmacologia, 2010. Foto – Acervo UFPR
Pesquisa e reconhecimento
As linhas de pesquisa do PPG-FARM abordam aspectos relevantes de saúde humana, animal e ambiental. Seus estudos apresentam novas possibilidades terapêuticas para doenças como câncer, Alzheimer, Parkinson, transtornos de ansiedade, diabetes, transtornos pós-traumáticos, úlcera gástrica e doenças de pele.
Outro destaque são os estudos de toxicologia ambiental e reprodutiva, que envolvem o uso de fármacos e contaminantes. Eles permitem traçar panoramas de contaminação de rios e a presença de contaminantes no sangue de gestantes curitibanas. “Tais estudos, de caráter inédito, revelam a importância científica dos nossos estudos para a população regional, que reflete a integração da pós-graduação com a comunidade”, afirma Alexandra Acco.
Pesquisadores buscam alternativas para tratar contaminantes nas águas. Da esquerda para a direita: doutorando Augusto da Silveira, professora Helena Cristina da Silva de Assis e a pós-doutoranda Sabrina Calado (Fotos: Marcos Solivan/Sucom)
Prova da relevância dos resultados alcançados são as premiações conquistadas pela equipe do PPG-FARM. Em 2019, uma pesquisa que investigou os efeitos do pimentão no câncer de mama venceu o prêmio Prêmio Curta Ciência, da UFPR. A tese de Eliana Rezende Adami apontou que o tratamento, combinado ao quimioterápico, é capaz de ter efeitos positivos.
A doutoranda Bruna da Silva Soley venceu o prêmio José Ribeiro do Valle, o mais importante na área de farmacologia no Brasil, em 2018. Bruna investigou a participação de um mediador inflamatório – um grupo de peptídeos chamados cininas – no desenvolvimento da psoríase, doença de pele inflamatória e crônica que acomete 2% da população mundial.
A pesquisadora Danielle Maria Ferreira obteve o mesmo prêmio, em 2015. Ela analisou os efeitos de uma substância retirada das folhas do Jambu para combater doenças gastrintestinais. A planta é tradicionalmente usada na Amazônia para culinária e tratamento de dores de dente.
A pesquisa premiada analisou o potencial no combate a doenças gastrintestinais de uma substância contida das folhas do jambu, usadas como condimento culinário na Amazônia
Contribuição à sociedade
O contato com a comunidade é outro papel de destaque na Farmacologia da UFPR. A equipe do PPG-FARM atua no projeto Cientistas na Escola, que faz divulgação científica em escolas de ensino fundamental e desperta o interesse de ciência em crianças por meio de uma linguagem simples e compreensível.
Atualmente, docentes do programa contribuem com a UFPR, respondendo as questões da população a respeito da Covid-19, como explica Alexandra Acco: “Embora ninguém trabalhe diretamente com vírus, temos ferramentas para buscar respostas adequadas e confiáveis, muito diferentes das fake news que têm surgido”.
Parcerias internacionais – Dra. Shanna Swan, da Escola de Medicina Mount Sinai, EUA, em 2019. Foto – Juliana Barbosa – ASPEC
Nesse sentido, o desafio dos pesquisadores na busca de soluções para a sociedade ganhou evidência durante a pandemia. Por isso, a professora Alexandra defende a participação das universidades públicas na pesquisa, ainda que haja cortes de investimentos. “São duros golpes à produção científica e aos programas de pós-graduação, mostrando que o Brasil está ao revés do mundo. Quem tem a capacidade de minimizar prejuízos às vidas, à sociedade e à economia global são os cientistas e estudiosos, com suas descobertas científicas, os estudos clínicos, os atendimentos a pacientes, os testes diagnósticos, os modelos matemáticos de progressão da doença, e as projeções de perdas e recuperação da economia”, conclui.
Prédio que sedia o PPG_FARM desde 2013. Foto -Mariane Mendonça
Texto: João Cubas / ASPEC