Nesta terça-feira (08) é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Assim como em 1917, quando milhares de mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e de vida na Rússia, em 2022 elas continuam transformando a realidade que estão inseridas.
Hoje, trazemos diversas contribuições que as nossas cientistas trouxeram nos últimos tempos, seja por oferecer serviços à comunidade, buscar do desenvolvimento sustentável e dar respostas para doenças que assolam a comunidade há tempos e para outra recente e bem conhecida: a Covid-19.
Porém a contribuição acontece todos os dias, seja na recepção, limpeza, secretarias, laboratórios, salas de aula. Por isso, parabenizamos e externamos o nosso respeito e orgulho a todas as servidoras, alunas, funcionárias do nosso Setor.
Lactase e populações negras
Estudo orientado pela professora Marcia Holsbach Beltrame, do Departamento de Genética, analisou a presença do alelo responsável pela persistência da lactase, enzima essencial para a digestão de laticínios, nas populações negras e quilombola das Américas. A conclusão foi de que a tendência à intolerância à lactose, já alta entre povos americanos, é particularmente sensível para essas populações.
Para a realização do estudo, os cientistas da UFPR realizaram sequenciamento genético em brasileiros negros para encontrar a enzima lactase. A pesquisa avaliou os dados genômicos de pessoas negras em todo o continente americano com a parceria do pesquisador Victor Borba, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Essa e outras pesquisas desenvolvidas no Departamento de Genética da UFPR aspiram contrapor o viés eurocêntrico predominante nos estudos biomédicos do mundo todo e, dessa forma, proporcionar melhores diagnósticos para doenças, permitindo tratamentos mais eficientes para todas as populações.
Mudanças climáticas para os pequenos
Estimular as crianças a compreenderem o que é e como se faz ciência. Esses são os objetivos dos livros e jogos desenvolvidos por uma equipe de cientistas do programa InterAntar que tem a participação de profissionais da UFPR e de outras instituições. Os materiais estão disponíveis gratuitamente no site www.interantar.com
Flavia Sant’Anna Rios, professora do Departamento de Biologia Celular da UFPR, e Sandra Freiberger Affonso, bióloga do InterAntar, elaboraram livros e jogos educacionais para aplicação nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As autoras estudam a Antártica há quase 30 anos e foram as primeiras mulheres brasileiras a explorar esta região no inverno.
Polinizadores para uma agricultura sustentável
As professoras Isabela Galarda Varassin e Marcia Cristina Mendes Marques, do Departamento de Botânica da UFPR, participaram de um estudo que envolveu 21 colaboradores do Programa SinBiose/CNPq (Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). A equipe mapeou a importância dos polinizadores para uma agricultura sustentável nos municípios brasileiros.
A pesquisa analisou as principais culturas agrícolas brasileiras, identificando aquelas em que a polinização realizada por animais resulta em aumento da produção e retorno monetário. Um outro ponto abordado foi a diferença entre a quantidade de vegetação natural existente e as áreas exigidas por lei em cada município, o chamado déficit de vegetação natural.
A partir da união dessas duas métricas, foi possível elaborar um ranking de prioridades para restauração e conservação da vegetação natural, que tenham como foco a importância da polinização para cada do Paraná.
A genética do câncer de mama
Érika Pereira Zambalde, doutora em Genética pela UFPR, publicou na revista RNA Biology, sob orientação da professora Jaqueline Carvalho de Oliveira, o artigo “A novel lncRNA derived from an ultraconserved region: lnc-uc.147, a potential biomarker in luminal A breast cancer“.
A pesquisa identificou pela primeira vez a molécula de RNA Lnc-uc.147, produzida em uma região do DNA que antes era considerada “lixo” — ou seja, sem funcionalidade na expressão genética dos seres humanos. Essa molécula está envolvida no desenvolvimento do câncer de mama e pode contribuir para novas alternativas de tratamento da doença.
“A molécula tem função no controle da taxa de crescimento e morte das células. Quando ela é encontrada em maior quantidade, o câncer do paciente é mais agressivo”, explica Érika
No momento do diagnóstico, os tumores de mama são classificados para direcionar o tratamento mais adequado. O achado sobre a Lnc-uc.147 é promissor, pois pode modificar os parâmetros de classificação atuais. Casos que hoje são considerados como de fácil tratamento podem evoluir para malignidade, devido à presença dessa molécula.
Diagnóstico da hanseníase
Uma parceria entre Juliana de Moura, docente do Departamento de Patologia Básica da UFPR, e Ronaldo Censi Faria, do Departamento de Química da UFSCar, deu origem a uma nova técnica na hora de diagnosticar hanseníase.
O método utiliza o soro do sangue dos pacientes para identificar a presença e a concentração de anticorpos produzidos na pessoa infectada, pelo contato com o bacilo causador da doença.
Antes disso, os únicos testes disponíveis para identificação do bacilo Mycobacterium leprae eram a biópsia e os testes de biologia molecular causador da doença. Porém, esses são caros, invasivos ou dependem de instalações e pessoal treinado.
Fisioterapia no tratamento de Parkinson
O Laboratório Alegria em Movimento – Saúde e Funcionalidade (LAM-SF) é uma iniciativa do grupo de estudos “Alegria em Movimento”, fundado em 2006 pela professora Vera Lúcia Israel na Universidade Federal do Paraná. O grupo é composto por profissionais da área da Saúde e Pesquisadores. Os principais focos de estudo são a atividade física e saúde, envolvendo atualmente Fisioterapia aquática em idosos com Doença de Parkinson e bebês.
A professora Vera destaca a importância da atuação multifuncional no tratamento dos pacientes. “A Fisioterapia como tratamento não farmacológico pode atuar desde a promoção, prevenção e tratamento na reabilitação, centrada na atenção ao paciente e apoiando a família. Nossos estudantes precisam conhecer e saber o que fazer com esta parte da população”.
Sem fronteiras etárias
O Departamento de Educação Física da UFPR tem importantes projetos de extensão com inserção na comunidade.
O Sem Fronteiras existe desde os anos 2000 e não permite que os idosos participantes fiquem sem se movimentar. Coordenado pela Professora Rosecler Vendruscolo, do Departamento de Educação Física, hoje ele conta com cerca de 100 participantes.
O EnvelheSendo busca contribuir para o envelhecimento saudável de idosos de Curitiba e Região Metropolitana, com oferta de diferentes práticas corporais e atividades físicas, de caráter socioeducativo, cultural e artístico. As atividades são conduzidas por estudantes de Educação Física, sob a orientação da professora Lucélia Justino Borges.
Nos projetos, os acadêmicos em sua formação profissional, proporcionando a prática da docência, criando laços e estabelecendo uma relação entre os participantes do projeto, inclusive à distância, como ocorreu durante a pandemia.
Efeitos da Cloroquina
Um estudo realizado na UFPR conclui que a cloroquina provoca danos em células endoteliais, presentes em todos os vasos sanguíneos do corpo humano. A pesquisa foi conduzida durante o doutorado de Paulo Cézar Gregório, do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia, sob a orientação da professora Andréa Emília Marques Stinghen, do Departamento de Patologia Básica e do professor Fellype de Carvalho Barreto, do Departamento de Medicina Interna.
Durante os estudos, notou-se um processo chamado de disfunção endotelial. Nele, as células cultivadas na presença de cloroquina induziram significativamente o acúmulo de organelas ácidas, o que aumentou os níveis de radicais livres e diminuiu a produção de óxido nítrico, levando ao estresse oxidativo e dano celular. “Ela para de produzir substâncias que a protegem e passa a produzir em excesso substâncias tóxicas”, resume a professora Andrea.
Andrea será homenageada pela comemoração do dia Internacional da Mulher na Câmara Municipal de Curitiba no dia 09 de março, às 19:30. Além do destaque nacional em suas pesquisas sobre a Cloroquina, a docente é a atual Vice-presidente da Associação dos Professores da UFPR (APUFPR). A cerimônia poderá ser acompanhada on-line através do canal YouTube da Câmara (https://www.youtube.com/camaramunicipaldecuritiba)
Testagem UFPR
Desde outubro de 2020, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) realiza testes para detectar o coronavírus em servidores e estudantes que apresentem sintomas compatíveis com a doença.
De acordo com a professora Jaqueline Carvalho de Oliveira, do Departamento de Genética da UFPR e coordenadora do projeto, os cuidados para evitar a transmissão devem continuar no retorno às aulas presenciais.
“Nada tira a necessidade do cuidado. Estamos aqui há dois anos falando do uso das máscaras e do distanciamento. Embora estejamos mais protegidos pela vacinação, a transmissão continua acontecendo”.
Os exames fazem parte de um estudo que visa identificar pessoas contaminadas e propiciar o isolamento, como medida para evitar a propagação da doença. Atualmente, quatro professoras, três pós-doutorandas e quatro alunos de graduação são responsáveis por acompanhar a coleta e as análises das amostras.
Reconhecimento
A professora Juliana Geremias Chichorro, do Departamento de Farmacologia da UFPR, foi reconhecida em setembro de 2021 como uma das maiores especialistas do mundo em dor facial.
A plataforma Expertscape, baseada em dados do Pubmed, fez uma análise dos principais estudos publicados nos últimos dez anos sobre o tema e classificou a pesquisadora entre os 30 maiores especialistas do mundo, a terceira do Brasil e a primeira do Paraná.
Juliana lidera a equipe do Laboratório de Farmacologia da Dor Orofacial, que busca novos medicamentos que contribuam para o controle da dor e melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Organização: Jully Ana Mendes (Aspec/SCB/UFPR)