Na última quarta-feira (16), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com as Sociedades Brasileiras de Microbiologia (SBM) e Zoologia (SBZ), e a Sociedade Botânica do Brasil (SBB), lançaram o livro Coleções Biológicas Científicas Brasileiras: diagnóstico, prioridades e recomendações, coordenado pela professora Luciane Marinoni, do Departamento de Zoologia, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A obra foi divulgada durante um evento em Brasília que debateu a importância da conservação dos acervos biológicos nacionais e diretrizes para sua manutenção.
Marinoni representou a Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ), a qual preside. Também da UFPR, estiveram presentes as professoras Graciela Inês Bolzon de Muniz, vice-reitora da instituição, e Chirlei Glienke, em nome da SBM; e o professor Thales Ricardo Cipriani, Diretor do Setor de Ciências Biológicas.
Além do livro, foi lançado o guia intitulado “Introdução e orientações às boas práticas para as coleções científicas brasileiras” e uma plataforma on-line com os dados do diagnóstico , desenvolvida após o mapeamento do potencial e das fragilidades dos acervos biológicos científicos de diferentes regiões brasileiras.
Segundo Marinoni, tanto o evento quanto os conteúdos divulgados ao longo dele vieram de uma demanda antiga da comunidade científica ligada às ciências biológicas, que sentia a necessidade de fomentar a consolidação dos acervos biológicos científicos do país de modo estratégico e sistemático. Algumas das urgências identificadas por pesquisadores da área são a informatização dos materiais biológicos, a disponibilização de dados e metadados, a cooperação entre responsáveis por coleções para troca de experiências e o auxílio mútuo na condução e manutenção dos acervos.
O reconhecimento da função de curador dentro das instituições públicas é outra necessidade urgente. Como não há o cargo de curador, muitos pesquisadores, principalmente professores universitários, acabam assumindo a responsabilidade sobre as coleções, desenvolvendo, na maioria das vezes, várias atividades e ficando sobrecarregados. Além disso, muitos acervos científicos brasileiros estão há anos sem um profissional responsável por ele, diz a presidente da SBZ.
Nesse sentido, a docente argumenta que investir em pessoas especializadas em taxonomia biológica, tanto em sua formação quanto em sua contratação, está entre as principais soluções para esse problema. O Programa de Capacitação em Taxonomia (PROTAX) do CNPq, é um bom exemplo de estratégia em meio ao atual cenário, segundo Marinoni. “Nossos estudos mostram que as coleções cresceram nos momentos de amplo investimento em formação de profissionais que estudam a biodiversidade”, diz.
O apoio estatal é peça-chave dessa dinâmica. De acordo com o mapeamento divulgado no evento, 40,1% das coleções botânicas, 23,8% das microbiológicas e 50,3% das zoológicas estão em universidades públicas federais; 22,0%, 26,2% e 18,7% em universidades públicas estaduais; e 15,9%, 23,8% e 12,5% em instituições públicas diretamente ligadas aos ministérios nacionais.
Para pesquisadores engajados na causa, os dados só mostram que a preservação do patrimônio biológico deve ganhar cada vez mais atenção do poder público, tanto para preservar a história da vida quanto para possibilitar que futuras gerações de cientistas sigam compreendendo o planeta em toda a sua complexidade e interconexão.
Saiba mais:
Livro: Coleções biológicas científicas brasileiras: diagnóstico, prioridades e recomendações
Guia: Introdução e orientações às boas práticas para as coleções biológicas científicas brasileiras
Plataforma: Coleções Biológicas Científicas
(Por Lívia Inácio, ASPEC BL)