O IGEM ocorre em novembro e será a primeira vez que a UFPR participará do evento
Programar geneticamente uma bactéria para degradar uma das substâncias mais nocivas para o efeito estufa. Esse é o objetivo da equipe de Biologia Sintética da UFPR, composta por 19 estudantes da UFPR, PUCPR e Universidade Positivo dos cursos de Biologia, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Farmácia, Design e de Pós-graduação em Genética e Bioquímica.
O Noxcycler é um projeto que pretende diagnosticar a presença de nitrato e óxido nítricono solo, detectando indiretamente a conversão desses compostos em óxido nitroso (N2O), um dos principais gases do efeito estufa, a ideia é contribuir com a diminuição da emissão de óxido nitroso. Emitido principalmente por fertilizantes químicos na agricultura, o N2O tem um impacto quase 300 vezes maior que o gás carbônico e persiste por 114 anos na atmosfera.
Infográfico ilustrando as principais etapas do projeto
Para dar prosseguimento à iniciativa, a equipe atua em duas etapas. A primeira delas é participar da edição de 2019 da International Genetically Engineered Machine Competition (iGEM), a maior competição de Biologia Sintética do mundo, sediada no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Para isso, os estudantes precisam pagar uma taxa de inscrição no valor de 6 mil dólares (aproximadamente 23 mil reais). A campanha está aberta no site Benfeitoria e, posteriormente, esse valor será utilizado para financiar todos os materiais necessários para a realização dos projetos.
A equipe também está recrutando novos participantes. Podem fazer parte do grupo estudantes das áreas de biologia, biomedicina, exatas, engenharias, educação, computação, design, comunicação e outras correlatas. Os interessados podem mandar um e-mail para igemufpr@gmail.com, que receberão orientações para participar de uma entrevista com os membros.
De acordo com os participantes, quem entra no grupo pode fazer uma viagem internacional, obter novos conhecimentos e integrar-se a outros pesquisadores do mundo todo. “É uma oportunidade de contribuir com ideias inteligentes para reduzir os impactos do aquecimento global no meio ambiente”, resume a estudante de Ciências Biológicas Maria Luisa Terribile Budel.
O doutorando em Bioquímica Marcos Andrei de Almeida Barbosa já participou da competição do iGEM pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). “Começamos com três pessoas e no segundo ano tínhamos 16 participantes de Engenharia Química, Design, Informática e Jornalismo”, relata.
Os pesquisadores relatam que a proposta do iGEM é quebrar as barreiras entre as áreas do conhecimento. Além disso, o prêmio é dividido em várias categorias que contemplam áreas como, por exemplo, a inserção na sociedade, melhor software e melhor design. Outro destaque é que participantes brasileiros do iGEM tornaram-se empreendedores, criando suas próprias empresas utilizando os conceitos da Biologia Sintética. A UFPR será a quinta instituição brasileira a participar da competição, além da USP, UNESP, UFAM e UFRGS.
Biologia Sintética
A Biologia Sintética visa criar, controlar e programar comportamentos celulares utilizando conceitos da engenharia. Diferentes conhecimentos das áreas de engenharia elétrica, computação, genética e biologia molecular são aplicados com o objetivo de construir sistemas biológicos que desencadeiam respostas programadas. Sendo assim, a Biologia Sintética pode ser aplicada em diversas áreas de estudo, desde a pesquisa básica até aplicações biotecnológicas avançadas, e como metas a Biologia sintética pretende no futuro construir novos organismos, desenvolver novas características biológicas, ou até mesmo dar condições para um planeta abrigar vida. “Vários artigos científicos relevantes já foram publicados sobre a aplicação da Biologia Sintética em diversas áreas do conhecimento”, revela o mestrando em Bioquímica Teles Mota.
O iGEM
A competição internacional de engenharia de sistemas biológicos existe desde 2003 e é sediada pelo MIT, que anualmente promove o encontro de equipes de universidades de todo o mundo, onde os resultados de seus projetos de Biologia Sintética são apresentados.
O objetivo das equipes é a criação de dispositivos biológicos inovadores que permitam a solução de problemas humanos relevantes, seja na área da saúde, de biocombustíveis, preservação ambiental, produção de alimentos, manufaturas e outros.
Os alunos Manuel Piñero, Fernanda Kashiwagi e Teles Mota apresentaram o projeto NOxcycler no Jamboré Brasuca, um encontro nacional de equipes de Biologia Sintética do Brasil, na Escola de Engenharia de Lorena da USP (EEL – USP).
Foto- Arquivo pessoal