Setor de Ciências Biológicas

INTELIGÊNCIA ESPORTIVA RELACIONA RESULTADOS DO BRASIL NO PAN 2019 COM BOLSA PÓDIO

Para o projeto Inteligência Esportiva (IE), que reúne o Centro de Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade (Cepels) da UFPR e a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (Snear), o desempenho histórico de atletas brasileiros nos XVIII Jogos Pan-Americanos de Lima está relacionado aos investimentos no Bolsa Atleta, que abrange hoje seis modalidades de bolsa. Especialmente a modalidade Bolsa Pódio teve bons resultados. Segundo o projeto, que disponibiliza um banco de dados on-line com o histórico de mais de 65,7 mil atletas brasileiros, dos 68 bolsistas-pódio que participaram do Pan, 48 receberam medalhas (70,5%). Participante de 15 edições, pela primeira vez o Brasil terminou a competição em segundo lugar em número de medalhas (171) e registrou recorde em medalhas de ouro (55).

Indícios do impacto da Bolsa Pódio também aparecem no desempenho das equipes brasileiras que foram ao Pan 2019. Em alguns esportes, a sincronia entre bolsistas-pódio nas equipes e nos pódios foi massiva. É o caso da canoagem slalom, em que os três atletas que recebem bolsas foram medalhistas (no total, cinco medalhas, das quais duas de ouro). Também é o cenário da ginástica artística (todos os cinco atletas foram medalhistas), do karatê (quatro atletas) e da vela (cinco atletas). Já na equipe de natação e maratona aquática, somente dois bolsistas não voltaram com medalhas.

A canoísta Ana Sátila, campeã em sua categoria no Pan de 2019 e uma dos 48 bolsistas-pódio da delegação brasileira que voltaram do Peru com medalhas. Foto: Pedro Ramos/rededoesporte.gov.br

Segundo a Secretaria Especial do Esporte, a Bolsa Pódio é o topo do Bolsa Atleta e foi criada para patrocinar atletas com grande chances de medalhas. Os critérios se baseiam em ranqueamentos internacionais. O foco inicial foram os Jogos Olímpicos Rio 2016, mas a política foi mantida e, como indicam os números, ampliada. Atualmente são quatro patamares de valores mensais, que vão de R$ 5 mil a R$ 15 mil, acima da média das outras bolsas do programa (de R$ 925 a R$ 3,1 mil).

Investimento

O professor Fernando Mezzadri, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGDEF) da UFPR e um dos coordenadores do IE, sustenta que o Pan 2019 foi um bom termômetro para o incentivo da Bolsa Pódio na melhoria do desempenho dos atletas. “As bolsas dessa modalidade são maiores e vão diretamente do governo federal para o atleta. Assim, a Bolsa Pódio traz sentimento de bem-estar muito importante ao atleta, que pode se dedicar ao esporte ao mesmo tempo em que melhora sua formação, tem plano de saúde, entre outros benefícios”.

O investimento do Brasil em bolsistas-pódio em 2018 foi de cerca de R$ 35,5 milhões (média de R$ 132 mil por atleta). Já a soma de investimentos nos medalhistas do Pan 2019 foi de R$ 9,5 milhões (considerando todos os 194 medalhistas, inclusive em esportes coletivos). Trata-se de 65% do investido na delegação brasileira com os 333 bolsistas (R$ 14,6 milhões). Segundo o IE, são contemplados pela Bolsa Pódio os brasileiros Ana Sátila (ouro na canoagem slalom C1), Isaquias Queiroz (ouro no Pan 2019 e nas Olimpíadas de Londres na canoagem de velocidade), Darlan Romani (ouro no arremesso de peso no Pan) e Arthur Zanetti (ouro na ginástica artística por equipes).

Parapan

O VI Jogos Parapan-Americanos, que serão realizados em Lima entre 23 de agosto e 1.º de setembro, serão outra oportunidade de verificar o desempenho dos bolsistas. Dos 315 atletas da delegação brasileira no Parapan, 261 (82,8%) são contemplados pelo Bolsa Atleta. A maior parcela (101) recebe a Bolsa Pódio — foi uma paratleta (a canoísta Claudia Sabino) que inaugurou a modalidade em 2013.

A única equipe de para-atletas brasileiros que não conta com bolsistas é o de futebol de sete, que saiu do programa de provas dos Jogos Paralímpicos. O investimento atual nesses atletas é de R$ 18,1 milhões ao ano.

Sistema

Mezzadri avalia, porém, que o Bolsa Atleta precisa manter a continuidade para se manter relevante para o esporte brasileiro. “Política para esporte não se faz da noite para o dia. Nem o atleta, que precisa de vários ciclos olímpicos para alcançar seu potencial. A bolsa subsidia atletas para que eles acumulem bons resultados ao mesmo tempo em que é uma política social”.

No caso da Bolsa Pódio, modalidade especificamente relacionada a desempenho em grandes competições porque é destinada aos atletas que conseguem ficar entre os dez melhores do mundo no seu esporte, o número de beneficiados vem aumentando anualmente desde 2013, sendo o ápice em 2018, com 268 bolsistas (os números de 2019 ainda não estão fechados).

Contudo o professor destaca que a ausência de um sistema voltado ao esporte é hoje um grande empecilho ao estabelecimento de estratégias e metas sólidas. “Existem muitas lacunas na formação dos atletas”, explica. “O Brasil tem um sistema híbrido que reúne clubes, principalmente, e algumas universidades, mas não existe um caminho de crescimento para os atletas. A escola que descobre um esportista de talento, por exemplo, não sabe para onde levá-lo”. Segundo Mezzadri, o Brasil ganharia se definisse qual o significado do esporte para o país e, dentro desse plano, quais os papéis do governo e da iniciativa privada.

Leia mais notícias sobre o Inteligência Esportiva neste link

Acesse o banco de dados do IE aqui

Redes Sociais

UFPR no Facebook UFPR no Twitter UFPR no Youtube
Universidade Federal do Paraná
Setor de Ciências Biológicas
Avenida Coronel Francisco H. dos Santos, 100
Caixa Postal: 19031 - Fone: (41) 3361-1799
Centro Politécnico - Jardim das Américas
CEP: 81531-980 - Curitiba (PR), Brasil

UFPR no Facebook UFPR no Twitter UFPR no Youtube
Setor de Ciências Biológicas
Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 100
Caixa Postal: 19031 - Fone: (41) 3361-1799
Centro Politécnico - Jardim das Américas
CEP: 81531-980 - Curitiba (PR), Brasil

Imagem logomarca da UFPR

©2024 - Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências Biológicas

Desenvolvido em Software Livre e hospedado pelo Centro de Computação Eletrônica da UFPR