Três pesquisadoras curitibanas buscam estabelecer um elo entre a sociedade e os cientistas em diversos canais de divulgação, através do “Movimento Curitiba pela Ciência”.
A iniciativa é de Jessica Ilkiw, doutoranda em Fisiologia da UFPR, Mirelly Lacerda, estudante de Engenharia Ambiental da UFPR e Luciana Müller, mestre em engenharia civil da UTFPR. Elas notaram que, como os cientistas passam a maior parte do tempo dentro dos laboratórios ou em sala de aula, muitas vezes têm dificuldade em falar sobre os seus projetos, dificultando a interação com a comunidade em geral. Além disso, com o isolamento social, veio a necessidade de falar de ciência de forma segura para a população, sem sair de casa.
Ciência para Você
O movimento está presente no Facebook, Instagram e Youtube. Uma das principais iniciativas é a Websérie “Ciência para Você”. A cada semana, pesquisadores de diversas áreas da ciência divulgam suas pesquisas e falam sobre os desafios da carreira acadêmica.
Frederick Van Amstel, professor de design de serviços públicos, destaca em sua entrevista que as universidades e a ciência são importantes para o desenvolvimento do nosso país. “Precisamos desenvolver a tecnologia nacional, não apenas consumí-la. Por isso, é fundamental defender e valorizar a ciência”, disse o professor. Já Luana Caroline Kmita, fisioterapeuta intensivista, enfatiza que a maior dificuldade de ser pesquisador no Brasil é a falta de recursos e a desvalorização do profissional. “Precisamos de mais incentivo, pois a maioria das pesquisas científicas são realizadas dentro das universidades. As etapas dos estudos têm que ser respeitadas para a segurança da população, a ciência tem seu tempo e ela não funciona sem recursos”, relata a entrevistada.
Nas redes sociais, a equipe publica conteúdos relacionados aos vídeos e outras curiosidades sobre os temas apresentados. Existe ainda a preocupação de trazer assuntos relacionados à Covid-19, pois, na visão das criadoras do movimento, falar sobre a contribuição da ciência na pandemia e a aplicação desses trabalhos é fundamental.
Experiência e aprendizado
A divulgação científica não é novidade na trajetória da equipe. Jessica conta que seu interesse em falar sobre o assunto vem desde o ingresso na universidade, na organização de eventos, como o Curso de Inverno da Fisiologia e a Semana do Cérebro da UFPR. Com o impedimento momentâneo dos eventos presenciais, os canais criados pelo movimento são uma fonte de notícias seguras e verídicas. “Muitas pessoas acabam caindo em fake news. Por isso, é importante comunicar notícias verdadeiras e confiáveis”, resume.
A doutoranda destaca ainda que nesse período de quarentena o projeto tem dupla função: pois além de passar o conhecimento, ela também aprende com novos conhecimentos. Por isso, ela reforça que qualquer pessoa pode entrar em contato com a equipe para tirar dúvidas, enviar notícias verídicas e divulgar pesquisas.
A expectativa é que o movimento cresça e se estenda para que outros estudantes participem. “Queremos que seja um projeto de extensão no futuro, para que esse envolvimento entre as universidades continue o trabalho de levar a ciência a todos. Afinal são temas que afetam diretamente a população e trazem melhorias para a sociedade”, reforça Jessica.
Por Marjorie Kauane Teixeira, com orientação de João Cubas