Ao passear em um parque, você certamente já reparou no som das aves que por ali passam ou habitam. Mas você já reparou na diferença entre as espécies que você vê em sua casa ou em áreas verdes e por que elas estão nestes locais?
A pesquisa de mestrado de Israel Schneiberg de Castro Lima apontou a interferência da urbanização na paisagem e a consequência disso na interação das diversas espécies de aves, assim como os processos de dispersão de sementes feita por elas. O estudo é pioneiro na investigação da relação entre fragmentos florestais e aves frugívoras, que são aquelas que se alimentam de frutas.
O doutorando em Ecologia e Conservação afirma que Curitiba possui uma grade diversidade de plantas, inclusive exóticas. Os pássaros, como polinizadores das flores e dispersores das sementes, ajudariam na ampliação da área ocupada por esses vegetais. Com a expansão da cidade, vem o esgotamento desses recursos e a impermeabilização do solo, o que dificulta esse processo.
Durante a pesquisa, Lima também percebeu que a região norte de Curitiba possui muito mais espécies do que na região sul, pois a primeira tem maior concentração de áreas verdes, parques e um tipo de corredor com a serra do mar. Isso proporciona o trânsito livre de aves como,araponga, gralha azul, tucano e papagaio, espécies encontradas, por exemplo, no bairro Barreirinha. Já no sul, que concentra indústrias e tráfego intenso de veículos, a diversidade diminui, ficando apenas espécies que se beneficiaram com aquele ambiente, como pombo, pardal e sabiá. “Afinal elas não possuem uma especificidade alimentar. Comem milho, arroz, pipoca etc.”, revela o pesquisador.
Outro ponto abordado foi a deficiência do planejamento urbano. Quando se idealiza uma obra ou um bairro, os gestores públicos não levam em consideração todo o ecossistema ao redor, no caso, a interferência na dinâmica na vida das aves e outras espécies que, de certa forma, estão interligadas. A proximidade entre o aeroporto e um aterro sanitário, por exemplo, um urubu pode causar acidente ao colidir com uma aeronave.
O estudo de Israel envolveu sete pontos da capital: Bosque Reinhard Maack, uma reserva particular no CIC (Família Mazzarotto), Jardim Botânico, Bosque Capão da Imbuia, Bosque do Papa, Reserva Airumã e Parque Barreirinha. Ele afirma que “todos esses parques preservaram o fragmento florestal, são arvores antigas que estão ali dentro desde antes de Curitiba ser cidade. Araucárias e Imbuias centenárias, a qualidade dos fragmentos é boa, porém o que interfere é o contexto urbano da paisagem”.