Setor de Ciências Biológicas

Baixo custo, cuidado e retorno à sociedade: confira os resultados dos testes com assintomáticos na UFPR

A detecção do Sars-CoV-2 em pessoas assintomáticas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revelou-se uma estratégia de rastreio barata e fácil de implementar. Além disso, os resultados propiciaram o isolamento dos contaminados, evitando um maior número de transmissões.

Essas são algumas das conclusões do estudo que envolveu a comunidade universitária, publicadas na revista Emerging Infectious Diseasesdo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Pesquisadores dos laboratórios de Imunogenética e Histocompatibilidade (Ligh) e de Citogenética Humana e Oncogenética (LabCho) realizaram mais de 12 mil exames de 7,2 mil pessoas que compareceram aos mutirões. Os eventos, coordenados pela direção do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, ocorreram entre outubro de 2020 e maio de 2021.

O exame utilizado foi o do tipo RT-PCR, que detecta o material genético do vírus. Ao final de 16 mutirões, 1,28% dos testes foram positivos para o coronavírus. Porém, a equipe realizou outras análises com os dados obtidos.

A evolução da positividade nos testes da UFPR acompanhou a tendência dos casos de Covid-19 no Paraná. As maiores taxas foram obtidas nas rodadas dos dias 12 de abril (com 2,55%) e 24 de maio (com 2,97%).

O número de testes positivos nos mutirões da UFPR acompanhou a evolução dos casos no estado do Paraná

 

Variantes

A professora Daniela Gradia, do Departamento de Genética da UFPR e coordenadora do projeto, explica que a identificação das variantes em circulação na comunidade foi feita com a genotipagem de regiões específicas do vírus, que se distinguem entre si. “A técnica trouxe agilidade ao processo de identificação, com importantes repercussões do ponto de vista epidemiológico”, afirma Gradia.

Outra vantagem são os custos envolvidos. O sequenciamento do vírus inteiro é dispendioso, do ponto de vista de reagentes, pessoal, equipamentos e tempo, uma vez que analisa todo o genoma viral. “O sequenciamento total custaria em torno de R$ 1 mil por amostra. No método realizado, o custo ficou de R$6 a R$8 por amostra, além do valor inicial do exame, que fica em torno de R$ 25”, explica o professor Douglas Adamoski, do Laboratório Nacional de Biociências, que atuou na UFPR no período dos testes.

A detecção da variante Gama aconteceu pela primeira vez em 21 de janeiro de 2021, com 9,1% entre os positivados. Duas semanas depois, eram 42,9%. Por algumas semanas, os testes deixaram de ser realizados devido às restrições sanitárias. Quando retornaram, a variante já estava presente em todas as amostras positivas.

Uma explicação para esse cenário é o aumento da transmissão da Gama, em comparação à variante selvagem do Sars-Cov2. O aumento dos casos também se relaciona com o colapso do sistema de saúde de Curitiba e ao aumento de óbitos no Estado do Paraná nas semanas seguintes, o que pode indicar maior letalidade dessa variante.

Evolução das variantes

Evolução das variantes nos testes na UFPR. Poucas semanas após seu surgimento, a Gama já estava presente em todas as amostras positivas. Imagens: Douglas Adamoski

 

Retorno à sociedade

Na opinião de Daniela Gradia, o aspecto mais importante que os resultados revelam é a importância dos cuidados para evitar a transmissão do Sars-Cov-2. “Enquanto não tivermos a doença controlada, é necessária a vigilância continua para diminuir os índices de transmissão e reduzir a possibilidade de surgimento de novas variantes”, ressalta a pesquisadora.

O projeto possibilitou também a formação de pessoal. Ao todo, trabalharam cinco alunos de graduação, quatro mestrandos, dois residentes em medicina veterinária e dois doutores. Além disso, professores, técnicos e estudantes de vários cursos atuaram como voluntários.

Após a testagem, os resultados foram encaminhados individualmente e os casos positivos tiveram acompanhamento de equipes do Centro de Atenção à Saúde (Casa 3) e do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Saúde (Nepes) da UFPR.

Os mutirões de coleta ocorreram no estacionamento do Setor de Ciências Biológicas, no Centro Politécnico. Foto: André Filgueira (Sucom/UFPR)

Por fim, com o trabalho realizado, foi possível compreender que os casos comprovados evitaram a disseminação ainda maior do vírus. “Infelizmente a gente não consegue quantificar, mas com certeza vidas foram salvas nesses mutirões. A proposta era ajudar no que fosse possível para evitar mortes. Conseguimos construir um projeto que integrou ensino, pesquisa e extensão, com retorno para a sociedade”, conclui Adamoski.

Os testes e o acompanhamento de pessoas da comunidade que tiverem sintomas de Covid-19 ou contato com alguém contaminado continuam. Saiba mais sobre o agendamento aqui.

O financiamento para os testes veio de recursos próprios da UFPR, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Projeto Rede Institucional: Laboratórios para testes de diagnóstico para a Covid-19, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

 

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