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Estudantes da UFPR vencem competição com proposta de produção de biocombustível por microalgas

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Utilizar a microbiologia em soluções inovadoras e sustentáveis para a indústria. Esse foi o objetivo da I Competição Nacional de Coleções Microbiológicas (ConaCom), realizada em novembro.

O projeto vencedor foi o da equipe Vibrio Vibrante, que propõe a produção de biocombustíveis a partir de microalgas. Além do primeiro lugar geral, os estudantes venceram em três categorias: melhor pesquisa, melhor técnica e melhor design. Fizeram parte da equipe os estudantes Janayna Rodrigues, Marco Antônio Campanário e Marina Ferraz Sampaio, do curso de Ciências Biológicas da UFPR, Alison Souza, de Design da UTFPR e Gustavo Bitencourt, que faz Química Industrial na UFF.

A proposta visa atender a um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação. “A gente percebe que se a gente não seguir por um caminho mais sustentável, a conta não fecha”, resume Marina.

As equipes deveriam utilizar um dos microrganismos depositados no catálogo de culturas online da Fundação André Tosello. A microalga Chlorella sorokiniana foi a escolhida.

A criação de biodiesel a partir de algas já é realizada em países como EUA e Japão. No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assim como vários institutos de pesquisa têm atuado nessa área desde 2010, com resultados preliminares promissores. Porém, pela primeira vez, essa espécie foi ofertada como produto para a indústria de biodiesel, como matéria prima enriquecida.

Parte da equipe já tinha contato com o cultivo de microalgas durante a Iniciação Científica. Marco também utilizou a experiência no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (Npdeas), referência no uso de microalgas para aplicação industrial e produção de energia.

Os estudantes explicam que, naturalmente, a Chlorella produz óleo e amido para a acúmulo de nutrientes. Porém, a concentração de óleo pode ser potencializada por meio do melhoramento genético. Com a inclusão de um DNA não existente na alga, ela passa a produzir mais óleo e menos amido. “Se por exemplo, a gente aumentar 20% de produção por célula, isso aplicado em bilhões de células e muitos litros de cultivo, aumenta bastante”, comenta Marco.

A produção de biocombustível com microalgas apresenta várias vantagens em relação a produção tradicional, como soja, milho e outros cultivos alimentares. Essas lavouras que utilizam grande quantidade de água na produção, alta demanda de área plantada e volumosa produção de resíduos não-energéticos. Além disso, o cultivo de um hectare de microalga produz em torno de 95 mil litros de biodiesel, enquanto o de óleo de palma produz menos de 6 mil, com custos semelhantes.

Outra vantagem é que o cultivo de microalgas para bioenergia não compete com a indústria alimentícia. “Isso é importante de ser mencionado porque quando se leva em consideração a destinação de plantas como soja, coco e milho, que tem elevado valor nutricional, para suprir a crescente demanda energética, diversos seres humanos continuam sendo negligenciados e passando fome diante das prioridades do sistema econômico atual”, comentam os estudantes.

Ainda quanto à preocupação ambiental, a equipe pontua que a exploração do petróleo é um dos processos que mais geram aumento do efeito estufa e, consequentemente, do aquecimento global.  Sobre esse argumento, Janayna reflete a importância da alternativa sustentável. “Assim como nós, outras pessoas também podem combater mudanças climáticas e degradação ambiental. É importante dar luz a boas ideias que podem trazer algo sustentável”, defende a estudante.

Para os pesquisadores, a razão do sucesso da proposta vem do envolvimento de várias áreas do conhecimento. “A gente vê muitos trabalhos de engenharia na inovação, para construir uma nova peça, uma nova máquina. Nós, biólogos, ao invés de mudarmos a máquina, podemos mudar o sistema vivo que eles usam, sem alterar a natureza. Esse o caminho que a gente tinha que seguir”, reflete Marco.

Por João Cubas

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