A infecção por parasitos ou ectoparasitos é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Amebíase, pediculose, leishmanioses e doença de chagas são algumas doenças provocadas por esses microorganismos, das quais já vivenciamos ou ouvimos falar.
Para avaliar ambientes e comportamentos de risco e, apontar diagnósticos precisos para essas infecções, estudantes de Farmácia da UFPR consultaram publicações e propuseram metodologias de pesquisa durante o semestre, na disciplina de Parasitologia Aplicada à Farmácia. O resultado foi uma exposição de banners e a elaboração de artigos científicos. As atividades tiveram a orientação da professora Magda Clara Vieira da Costa-Ribeiro, do Departamento de Patologia Básica e dos mestrandos em Microbiologia, Parasitologia e Patologia: Irineu Romero Neto, João Luis Machado Pietsch, Juliana Miranda e Thayany Magalhães.
Os alunos puderam mostrar à comunidade o resultado dos trabalhos por meio de pôsteres
A turma foi dividida em grupos, que tratou de um ambiente ou situação de risco específica.
As alunas Aline Savicki, Lorena Franqueto e Larisssa de Oliveira Prado pesquisaram os parasitos de veiculação hídrica. Com base em artigos na literatura, elas verificaram que os protozoários Giardia e Cryptosporidium são os mais frequentes nas águas. A partir disso, elaboraram um questionário socioeconômico para compreender o perfil da população que se predispõe ao problema. Lorena relata que no começo, o a atividade parecia muito trabalhosa, mas ao final a relação com a vida cotidiana a motivou. “São coisas relacionadas à nossa família e amigos. Enxergamos o assunto de forma diferente”, pontua.
Os alunos Luana Cardoso, Dandara Bindemann e Matheus Costa estudaram o comportamento relacionado às infecções sexual. Baseados na literatura, eles verificaram que o comportamento e os hábitos das pessoas interferem na contaminação por parasitoses como a tricomoníase. Luana pretende aplicar estes conhecimentos em sua cidade natal, Agudos, São Paulo. “O trabalho agregou muito não só na formação acadêmica, mas no social. Daqui a três anos seremos os farmacêuticos que vão precisar dessas informações. Tudo o que a gente viu aqui é educação sanitária”, afirma.
Mateus Reis analisou os principais riscos de parasitoses em asilos. Segundo o aluno, no Brasil ainda há pouca literatura sobre o assunto, porém ele verificou que o não cumprimento da legislação e a falta de capacitação dos profissionais que trabalham com os idosos interferem na infecção por piolhos e sarnas. “Se é uma pessoa que não tem muito conhecimento, não identifica o ectoparasito e não sabe combater, as doenças vão se espalhar de forma muito mais rápida”, ressalta o estudante.
A acadêmica Amanda Rodrigues elaborou um questionário, aplicado entre pessoas próximas a ela, para analisar hábitos alimentares, como ingestão de frutas, verduras, o consumo de carne, entre outros. Ela conta que a parte escrita a assustou, mas a responsabilidade em repassar conhecimentos sobre saúde a motivou no trabalho. “As medidas profiláticas vão variar, mas se temos a informação, podemos evitar uma gama enorme de parasitoses”, destaca.
A exposição ocorreu no saguão do Departamento de Patologia Básica no final de novembro. Fotos – Juliana Barbosa / ASPEC
A professora Magda aponta que pela primeira vez os pós-graduandos orientaram alunos, coordenaram metodologias e corrigiram os trabalhos. “É uma metodologia ativa tanto para os alunos de graduação, quanto para os de pós”, resume a docente. Semanalmente, os alunos traziam o resultado parcial para orientação e recebiam as indicações tanto do assunto quanto da parte de formatação dos artigos. “Fizemos o caminho inverso, isso obrigou os alunos a pensar nas características do parasito, raciocinar e construir um trabalho de maneira técnica”, explica o mestrando João Luís.
A professora Magda, os mestrandos e os graduandos em Farmácia responsáveis pelos trabalhos. Foto – João Cubas / ASPEC