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O que precisamos saber sobre o novo coronavírus?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu no dia 11 de fevereiro que a doença respiratória provocada pela infecção do novo coronavírus deva ser chamada de Covid-19. Por todo o mundo, as notificações de suspeitas e casos confirmados aumentam diariamente. Para entender como é o mecanismo de infecção pelo vírus, conversamos com a professora Lucy Ono, do Departamento de Patologia Básica da UFPR.

O que é o coronavírus?

A maioria dos vírus já identificados são microrganismos muito simples e pequenos, que apresentam como material genético o RNA e uma cápsula proteica que o envolve. Acima dessa cápsula, há um envelope com proteínas ancoradas, como é o caso dos coronavírus.

Entre as características que diferenciam o coronavírus de outros vírus, como os da dengue ou da gripe, estão os genes que ele apresenta. “Embora possam produzir quadros gripais que se assemelham, o vírus da gripe e o novo coronavírus não pertencem à mesma família viral”, define Ono.

A família dos coronavírus já é conhecida pelos cientistas desde os anos 1960. Até o ano passado, foram identificadas seis espécies diferentes que infectam humanos. Seu integrante mais conhecido é o da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) que teve epidemia, também iniciada na China, em 2002.

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Modelo do Coronavírus 2019 n-CoV. Imagem:  Alissa Eckert, via cienciaviva.org.br

Como o vírus infecta o ser humano?

De acordo com estudos em andamento, a infecção se inicia pelo contato humano com o vírus. Para se adaptar ao organismo humano, o vírus pode sofrer mutações. Quando isso acontece, a transmissão entre humanos pode ou não ser facilitada, mas, de acordo com a professora Lucy, não é algo intencional. “Às vezes, temos a impressão de que o desejo do microrganismo é matar o hospedeiro, mas não é verdade. Essas mutações acontecem durante a evolução. Aquilo que é vantajoso para ele acaba sendo selecionado”.

Cultivo viral

Exemplo de infecção de células por vírus: cultura de células não infectada (à esquerda) e com infecção pelo vírus HSV1, apresentando alteração morfológica característica e corada com cristal violeta.

Fonte: Arquivo do Laboratório de Microbiologia Yasuyoshi Hayashi/DPAT/BL, Profª. Lucy Ono

Infecção é diferente de sintoma

A docente explica que os vírus podem infectar células humanas sem que haja algum quadro clínico evidente. A pessoa pode carregar o coronavírus sem sintomas (no chamado período de incubação) e o transmitir, como já relatado em caso estudado na Alemanha. De acordo com dados recentes da OMS, a proporção entre número de mortes e casos confirmados tem sido em torno de 3,4%. “Não se tem observado até o momento que o novo coronavírus seja altamente virulento, ou seja, sua infecção implica em uma probabilidade de morte pequena para cada indivíduo”, ressalta a pesquisadora.

Porém, dados mais exatos só serão possíveis ao final da epidemia, pois os vírus de infecção respiratória são facilmente confundidos até que se tenha o diagnóstico laboratorial correto. Além da possibilidade de casos assintomáticos ou com sintomas brandos não estarem sendo detectados e contabilizados. “É impossível conseguir realizar no laboratório, em tempo real, os exames diagnósticos de todos os pacientes suspeitos quando há um número excessivo de casos como ocorre hoje na China”, afirma a docente.

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Coleta de amostras para realização de exames de identificação do novo coronavírus no grupo de brasileiros que estiveram em quarentena, na base aérea de Anápolis, Goiás. Foto- Warley de Andrade/TV Brasil 

Desenvolvimento de drogas e vacinas

O estudo do coronavírus – e da virologia, em geral – também visa a identificação de substâncias que possam impedir a transmissão do vírus, assim como produção de vacinas. Para isso, logo no início da epidemia, pesquisadores chineses liberaram para acesso público a sequência genética do coronavírus. A partir daí, são realizados testes com substâncias que podem ter ação antiviral, e que pode dar origem a um medicamento comercialmente disponível. “Isso acelera o processo de desenvolvimento de drogas. Porque com o acesso ao genoma viral, os cientistas não precisam mais cultivar o vírus em laboratório, eles podem simplesmente pegar a informação genética, clonar em uma outra célula e fazer com que ela produza um alvo de ação para avaliar uma droga antiviral”, pontua a pesquisadora.

Ela explica ainda que o desenvolvimento de drogas e vacinas pode ser rápido, mas os testes em humanos não podem ser acelerados. “Os protocolos devem garantir a segurança e eficácia em várias etapas até finalmente ser comercializada. Pode levar muitos meses ainda”.

Prevenção

A pesquisadora enfatiza que a notificação da Covid-19 no Brasil não é motivo para pânico. “Muitas vezes o desespero acontece pela falta de esclarecimento, e traz prejuízo para o coletivo. Quando há uma busca desenfreada pelo sistema de saúde, pela compra de máscaras cirúrgicas, ou outras ações motivadas pelo desconhecimento e que acabam sobrecarregando o sistema, as pessoas que realmente precisam acabam não conseguindo fazer”.

Na visão da professora Lucy Ono, a melhor solução é seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde. “Devemos usar as mesmas estratégias que foram usadas para gripe H1N1, por exemplo. Ao lavar as mãos com frequência, evitamos que este e outros vírus sejam trazidos para as nossas vias respiratórias, pela boca ou nariz ou mucosa dos olhos. Devemos evitar tocar olhos e nariz e utilizar álcool a 70%, pois esse é um antisséptico que dissolve a estrutura superficial do vírus e faz com que ele não se torne infecciosoAlém disso, devemos cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, usando lenço descartável ou a dobra do cotovelo; evitar contato com pessoas quando estiver doente e manter os ambientes ventilados. 

Fonte - Agência Brasil

Saiba mais

Na última sexta-feira, dia 28, a professora Lucy Ono trouxe esclarecimentos sobre o coronavírus no programa Volume UFPR, produção da Agência Escola de Comunicação Pública da UFPR na rádio UNIFM.  Acesse o vídeo com a entrevista completa aqui

Acesse nos links a seguir informações atualizadas sobre a Covid-19 do Ministério da Saúde e  do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês)

 

Texto: Louiselene Meneses e João Cubas / ASPEC 

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