O pesquisador Daniel Lins, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da UFPR, estudou durante o mestrado um conjunto de espécies invasoras marinhas da Classe Ascidae e seus impactos econômicos e ecológicos. As ascídias sésseis são animais invertebrados que se fixam a superfícies, ao fundo de embarcações e em cultivos marinhos.
A pesquisa foi realizada em âmbito global, selecionando 19 espécies das mais de 3.000 existentes. Foram feitas análises de riscos e previsões de possíveis expansões dessas espécies em locais que já há ocorrência e a possibilidade do surgimento em outros ambientes. “Fizemos uma previsão, uma análise risco, da expansão das populações que já existem e da introdução da invasão em novas regiões.”, explica Lins.
O método utilizado para o estudo foi a modelagem de nicho, onde foram cruzadas informações da literatura existente sobre o registro dos locais onde há ocorrência dessas espécies com as variáveis ambientais favoráveis para sua proliferação. A partir da comparação das informações, foi possível listar os lugares que possuem condições parecidas com os lugares onda já há indícios das ascídias, descrevendo para costa marinha do mundo inteiro a probabilidade da ocorrência desses animais. Como resultado obtido, foi constato que todas as 19 espécies estudadas possuem a capacidade de se expandir, tanto nos lugares já instalados como em novos locais.
Um dos fatores que contribui para a propagação das espécies invasoras é a Água de Lastro, que é a água coletada pelas embarcações para manter seu equilíbrio e estabilidade durante a viagem. Quando essa água é recolhida, além do líquido, também são coletados as Ascídias, sendo transportadas para outros locais e também se aderindo à superfície dos barcos e navios, demandando sua limpeza e manutenção. “Quanto mais recorrentes forem essas introduções, maior é chance dessas espécies se estabelecerem como invasoras, danificando os sistemas ecológicos em geral”, salienta o pesquisador.
As expectativas após a realização da pesquisa é que ela possa servir como direcionamento para outros estudos, como os de genética de população, que estuda as espécies com maior capacidade de invasão. Além disso, Daniel conta que é necessário um monitoramento mais rigoroso acerca desses animais. “A legislação da maioria dos países controla, de certa forma, a introdução desses bichos, mas ainda não está sendo efetivo.”