Trabalhos da UFPR recebem menções honrosas em evento nacional de Parasitologia

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Em maio, ocorreu de forma online o XXVII Congresso da Sociedade Brasileira de Parasitologia, com o tema “A Parasitologia na perspectiva da Saúde Única”.

Nesse evento, estudantes e profissionais envolvidos com a saúde humana, animal e ambiental reuniram-se em busca de avanços e soluções para as principais doenças parasitárias do Brasil e das Américas.

Dos 502 trabalhos submetidos ao congresso, 30 receberam menções honrosas. Dentre eles, dois foram produzidos por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia (PPGMPP) da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Detecção de parasitos na cadeia produtiva de vegetais

Um dos trabalhos monitorou a concentração de parasitos em hortaliças e na água envolvida na produção dos vegetais, em diferentes etapas da cadeia de cultivo, em Curitiba. A pesquisa foi conduzida por Roberta Lima, nutricionista e mestranda do PPGMPP e pelo aluno de iniciação científica do curso de Ciências Biológicas Vinicius Ferreira da Costa. A orientação foi do professor Diego Averaldo Guiguet Leal.

Para tanto, foram coletadas amostras da água de irrigação e lavagem dos vegetais na etapa de cultivo, amostras dos vegetais na etapa de comercialização (feiras-livres) e de vegetais prontos para o consumo, comercializados em diferentes pontos amostrais da cidade.

Para a detecção destes organismos, a equipe utilizou diferentes métodos. Nos vegetais prontos para o consumo e nas águas de irrigação e lavagem, houve ensaios de imunofluorescência direta, com utilização de anticorpos monoclonais e análises moleculares (nested-PCR).

Já no grupo das hortaliças de feiras-livres, foi utilizado um método previamente padronizado pelo grupo, por meio da lavagem das folhas com glicina e identificação de cistos e ovos de parasitos por microscopia óptica.

Após as análises realizadas na UFPR, no Laboratório Central do Estado (Lacen/PR) e na Universidade Estadual de Campinas, os protozoários Cryptosporidium Giardia foram detectados em 25% das amostras de água de irrigação.

Nas águas de lavagem dos vegetais, os dois protozoários estiveram em 50% das amostras, enquanto cistos do protozoário ciliado Balantidium coli estiveram presentes em 40% das amostras.

No grupo das hortaliças oriundas de feiras livres, 17,3% das amostras apresentaram contaminação por parasitos, sendo cistos de B. coli os mais identificados.

O grupo analisou vegetais prontos para o consumo oriundos de dois produtores. No primeiro, a contaminação por cistos de Giardia foi detectada em 75% das amostras dos vegetais prontos para o consumo. Este é o primeiro relato da contaminação de hortaliças prontas para o consumo por G. duodenalis no Brasil, única espécie que possui capacidade para infectar humanos. O segundo produtor não apresentou contaminação em nenhuma das amostras avaliadas.

O trabalho recebeu menção honrosa no eixo temático “Educação em Saúde e Epidemiologia”. Para Roberta, é essencial a participação nos eventos para “demonstrar a relevância da pesquisa científica para a sociedade como um todo e auxiliar na construção do conhecimento coletivo e desenvolvimento de políticas públicas”.

Roberta realizou análises que identificaram parasitos em várias partes da cadeia produtiva de vegetais. Fotos - arquivo pessoal Unsplash

Roberta realizou análises que identificaram parasitos em várias partes da cadeia produtiva de vegetais. Fotos – arquivo pessoal e Unsplash

Proposta de novas espécies de flebotomíneos

A Sciopmeyia sordelli é uma espécie de flebotomíneo que não é considerada vetor de Leishmania para os humanos e outros animais, o que faz dela e de outras espécies do mesmo gênero serem um dos grupos mais negligenciados pelos estudiosos da subfamília Phlebotominae.

Contudo, por ser uma espécie que apresenta uma ampla distribuição geográfica, ter baixa capacidade de dispersão e a existência de barreiras geográficas despertou o interesse em avaliar o seu status taxonômico. Seria S. sordellii uma única espécie de inseto ou ela compreenderia um complexo delas?

Para responder essa questão, o doutorando do PPGMPP Salvador Paganella Chaves Junior estudou  algumas espécies do gênero Sciopemyia, previamente identificadas como S. sordellii ou “próximo a S. micropsdepositadas as coleções de Flebotomíneos do Instituto René Rachou (Fiocruz-COLFLEB) e do Laboratório de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (LESP-Phlebotominae). “Isso ressalta a importância do depósito de espécimes em coleções para consultas futuras, para diversos estudos, incluindo taxonomia”, explica o doutorando.

A orientação foi do professor Andrey José de Andrade, da UFPR, e da Dra. Paloma Helena Fernandes Shimabukuro, pesquisadora do Instituto René Rachou, Fiocruz-MG.

Salvador examinou 318 espécimes, sendo 145 fêmeas e 173 machos e classificou-os em cinco grupos distintos denominados morfoespécies (ME). Em função da distribuição geográfica e de diferenças encontradas em estrututuras morfológicas, a equipe fez as seguintes proposições:

  • a descrição da fêmea de S. sordellii, desconhecida pela ciência que até então,era com base em outra espécie, Phlebotomus longicornutus;
  • a redescrição do macho de S. sordellii, uma vez que seu exemplar original (holótipo) se encontra desaparecido e;
  • a descrição de quatro novas espécies do gênero Sciopemyia, todas capturadas na região sudeste do Brasil, aumentando, assim, a diversidade do gênero para 12 espécies.

Por fim, foi proposta a atualização da chave de identificação para machos e fêmeas do gênero Sciopemyia.

“Agora vamos revisar as lâminas desses flebotomíneos e melhorar alguns desenhos das descrições, mas essas novas espécies já estão definidas. Pretendemos publicar parte desses resultados no segundo semestre de 2021”, explica Salvador. Pelas contribuições, o trabalho recebeu menção honrosa no Eixo “Entomologia e Malacologia”.

De acordo com o pesquisador, receber a avaliação de outros estudiosos do tema possibilitou confirmar a direção futura da pesquisa. Além disso, a apresentação foi uma “forma de retribuir para a sociedade o investimento que ela aplica a partir de seu trabalho diário, e mais do que isso, proporcionar conhecimento, qualidade de vida, saúde, segurança, existência digna”.

No mundo, há cerca de 1.030 espécies conhecidas de flebotomíneos, sendo 530 nas Américas. Uma delas é a Sciopmeyia sordelli, encontrada do Canal do Panamá até a região norte da Argentina. Imagens: arquivos pessoais

No mundo, há cerca de 1.030 espécies conhecidas de flebotomíneos, sendo 530 nas Américas. Uma delas é a Sciopmeyia sordelli, encontrada do Canal do Panamá até a região norte da Argentina. Imagens: Julio César Rocha Costa (ICMBio) e arquivo pessoal.

 

 

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