Flávia Maria de Lima (31), atleta de alto rendimento de atletismo classificada para OlimpÃadas 2024, é retrato do esforço de um atleta olÃmpico. Natural e residente em Campo do Tenente, viajava no mÃnimo três vezes por semana para treinar na pista de atletismo do Centro de Educação FÃsica e Desportos (CED) da UFPR. “É a pista mais próxima da minha casa”, diz. Uma googada no Maps e encontra-se a informação de 99,9 km de distância, 1h40 a 2h10 na estrada.
Ela vai representar o Brasil na prova de atletismo dos 800m. Pratica o atletismo profissional há 14 anos. Começou com 17 anos nos Jogos Escolares. Um treinador de Campo Mourão viu a Flávia jogar e a convidou a treinar na cidade, local que ela representa até hoje na Federação. Esteve na Rio 2016 e bateu na trave para participar das OlimpÃadas de Tóquio. Apesar de em 2024 a competição estar especialmente acirrada, segundo Flávia, seu objetivo é estar na final. “Está um ano muito forte em resultado. Além da dedicação aos treinos, a gente precisa acompanhar as inovações tecnológicas na área, para não ficarmos literalmente para trás”, diz. O esporte tem evoluÃdo muito por conta da tecnologia, da inovação na confecção dos calçados, das sapatilhas e do vestuário.
É inevitável com toda essa pressão que, em algum momento, a ansiedade bata à porta. Para participar de uma prova com tamanha importância, equilÃbrio mental é primordial. Flávia afirma que está muito preparada, com o emocional sob controle. “No começo da minha carreira eu deixava a pressão de uma grande prova me influenciar bastante, mas com os anos venho ganhando esse controle. 2024 tem sido um ano difÃcil, mas o ano em que eu mais trabalhei o lado emocional e mental”, revela. Em paralelo aos treinos e dedicação a seu objetivo profissional, Flávia vive atualmente um momento pessoal bastante delicado. Ela passa por um processo jurÃdico pela guarda da filha de 6 anos, disputada pelo genitor da menina. “É um processo pesado. Estou tentando ser forte para ser mais uma resistência. A minha carreira está sendo julgada no processo. É como se fosse um crime eu ser atleta profissional, a minha escolha profissional está sendo usada no processo de forma negativa”, conta Flávia. Mas ela faz do problema, como falou, motivo para resistir. “Quero mostrar para todas as mulheres que não temos que abaixar a cabeça, não podemos deixar o sistema machista nos reprimir. O meu foco na OlimpÃada é a minha forma de resistir a isso. Eu não estou cometendo um crime, eu apenas estou em busca de coisas melhores para mim e para minha filha”, diz.
O esporte trouxe muita experiência de vida à Flávia. “Fiz muitas viagens, conheci muitas pessoas, diferentes culturas. Já competi em 15 paÃses. Isso pra mim é o melhor que o esporte proporciona ao atleta, uma grande riqueza cultural”, revela. Como suporte para tudo isso, ela conta com o patrocÃnio do Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão, onde cursa Nutrição na modalidade EAD.
Para quem está começando na carreira, ela deixa o recado para que não desistam frente à s dificuldades. “Algumas pessoas que começam no esporte almejando alto rendimento querem tudo para agora, e geralmente não é assim que acontece. O ‘agora’ pode ser um ano, dois anos… tem gente que leva até 4 anos de adaptação à rotina dos treinos. Então é ter paciência, ser resiliente e respeitar o próprio corpo. Cada um no seu limite”, aconselha.
Treinos intensos, viagens para treinos e competições que garantiram a convocação para as OlimpÃadas, alimentação balanceada com planificação para que a dieta acompanhe os treinos e supra o que a atleta precisa a fim de evitar um descontrole metabólico, mental em dia com auxÃlio de terapia e exercÃcio de meditação e concentração. Flávia está preparada e tem agora um dos maiores desafios de sua carreira e a certeza de uma grande torcida junto com ela! Vamos juntos, Flávia! Vamos juntos, Brasil!
Por Danielle Salmória (Aspec/SCB/UFPR) – 26 de julho de 2024