Estimular as crianças a compreenderem o que é e como se faz ciência. Esses são os objetivos dos livros e jogos desenvolvidos por uma equipe de cientistas do projeto InterAntar, que tem a participação de profissionais da UFPR e de outras instituições. Os materiais estão disponíveis gratuitamente no site https://www.interantar.com.
Flavia Sant’Anna Rios, professora do Departamento de Biologia Celular da UFPR, e Sandra Freiberger Affonso, bióloga do InterAntar, elaboraram livros e jogos educacionais para aplicação nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As autoras estudam a Antártica há quase 30 anos e foram as primeiras mulheres brasileiras a explorar esta região no inverno.
A vida dos pinguins
O livro As Aventuras do grande Papu fala sobre a vida dos pinguins. De uma maneira lúdica, Papu apresenta as características como a reprodução, alimentação e habitat. A publicação faz parte da coleção Contos Polares, que traz histórias vividas por animais nativos das regiões frias.
Flavia comenta que ideia de escrever o livro surgiu em contações de histórias feitas em escolas de Curitiba. “O assunto Antártica faz os olhinhos das crianças brilharem, porque para a maioria de nós parece ser uma coisa distante”. A proposta é que o material possa ser usado nas disciplinas de português, ciências e geografia.
Além de Flavia e Sandra, participam da obra Ana Cristina Viana, da Universidade Positivo; Roberta da Cruz Piuco; professora de Ciências e Biologia no Rio Grande do Sul; Sonia Grötzner, docente da UFPR, e a ilustradora Maria Alice Soares Sant’Anna.
Urso-polar come pinguim?
As regiões polares e seus habitantes são assuntos pouco abordados em sala de aula. A partir disso surgiu a motivação para o livro: Urso-polar come pinguim?
A dúvida surge pois, embora vivam em regiões polares diferentes (o urso no Ártico e o pinguim na Antártica), eles costumam aparecer juntos em filmes e desenhos animados. “Em nosso país, temos pouca referência desses animais. Então, tentamos desmistificar isso”, explica Sandra.
A publicação faz parte da coleção “Responde Essa”, que propõe esclarecer questões científicas sob o ponto de vista de diferentes áreas do conhecimento. Cada capítulo é escrito por um autor, entre eles Emygdio Araújo Monteiro Filho, do Departamento de Zoologia da UFPR e Fernando Sedor, do Museu de Ciências Naturais da UFPR. As respostas explicam interferências naturais e de ação humana que afetam a vida dos animais das regiões polares.
Jogos
A equipe também desenvolveu três jogos para aplicação em sala de aula. O “Dominó Mudanças Climáticas: Adapta ou Extingue?” tem como objetivo relacionar os animais polares aos aspectos que permitem a sobrevivência nesses ambientes, com a dinâmica do dominó tradicional.
No “Bingo Fenômenos Climáticos”, uma série de fenômenos é associada às mudanças climáticas e às características das regiões polares. No lugar de números, as cartas sorteadas contêm definições que devem ser combinadas com as palavras contidas nas cartelas.
O Desafio Ambiental estimula os participantes a tomar as cartas dos outros jogadores por meio de escolhas de características sobre o risco de extinção de animais da Antártica e do Ártico.
De acordo com as pesquisadoras, todo o conteúdo dos livros e jogos é norteado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Indicamos no jogo o que o professor pode trabalhar e as habilidades envolvidas”, explica Flavia. Em breve, a equipe ofertará oficinas híbridas para os professores de educação básica, para orientar a aplicação do material e atualizar o conhecimento sobre as regiões polares.
InterAntar
O Programa InterAntar: Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação, Comunicação e Mediação das Ciências Polares é uma ação da UFABC (Universidade Federal do ABC Paulista) e da UFPR, coordenado pela Dra. Silvia Dotta. A ação conta com apoio financeiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A iniciativa promove cursos de formação de professores para inserção das regiões polares no currículo da Educação Básica, dando enfoque ao uso de tecnologias educacionais, através de vídeos, podcasts e jogos educativos.
Texto: Louiselene Meneses e João Cubas (Aspec/SCB/UFPR)